sexta-feira, 14 de setembro de 2007

2ª PARTE: III SEMINÁRIO CIEPRE/ULBRA – SETEMBRO 2007


Aconteceu nos dias 05 e 12 de setembro de 2007, o terceiro Seminário promovido pelo CIEPRE.

O momento foi muito importante para profissionais, acadêmicos e demais pessoas que participaram, pois os temas das palestras foram uma ampliação em seus conhecimentos.

No dia 05 e 12/09 tivemos um momento cultural onde os cantores Hugo La Roque e Dennys Vieira gentilmente cederam suas belíssimas vozes em prol do evento.











No dia 05 o tema foi Libras: Língua e Linguagem com a professora Denize da Escola para surdos Frei Pacífico em Porto Alegre.





Outro tema foi Psicomotricidade Relacional para surdos com o professor da Escola Frei Pacífico e também nosso facilitador do Ciepre Fernando Costa Fortes.





No dia 12/09 o Tema foi a Sexualidade da pessoa com deficiência com a mestre e nossa facilitadora Miriam Piber Campos.





"A SEXUALIDADE DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE: ALGO A SE PENSAR"

RESUMO

O simples fato de pensarmos que uma pessoa com deficiência, pode ser sensual, afetiva, ter sensações de prazer, manter relações sexuais ou mesmo que elas podem ter um corpo bonito e desejável, costuma ser algo incomodo, ou até mesmo abominável, para uma grande parcela da sociedade. Com isso criamos os mais variados dispositivos (como os discursos médicos, da religião, das próprias famílias das pessoas com deficiência etc.) que persistem permeados por representações e mitos, pela não-aceitação de que possam existir nas pessoas com deficiência, desejos e busca do prazer, assim como em qualquer outro indivíduo. Esses discursos e representações que marcam os corpos e as sexualidades das pessoas com deficiência (como algo que precisa ser “aprovado”), bem como os daquelas ditas normais, ainda necessitam ser revistos a partir de perspectivas que tensionem a sua construção. Isso precisa ser feito mesmo que tais tensionamentos possam, ainda, assustar àqueles/as que, até então, viam/vêem a pessoa com deficiência (seja ela qual for) como possuidora de um corpo sem atrativos, assexuado, sem o direito de escolher como ele/a quer ou não exercer sua sexualidade — embora, essa escolha seja, sempre, tal como é para os ditos “normais”, pautada por discursos que instituem e posicionam o sujeito em relação àquilo que deve ser escolhido. Enfim, as pessoas com deficiência, não são, como procurei mostrar, nem anjos, nem demônios, nem assexuadas, nem hipersexualizadas, mas pessoas, com alguma ou outra diferença – tal como todos nós – que têm desejos, dúvidas, medos, emoções e que querem também viver os seus corpos e sexualidades.



O outro tema foi O surdo no mercado de trabalho com o mestre e professor Camilo Darsie de Souza, do Colégio para surdos, Concórdia da Ulbra em Porto Alegre.





Com o professor Camilo vieram dois participantes do Colégio para prestar depoimentos sobre como é ser surdo, o que se faz de lazer, as dificuldades de comunicação e mercado de trabalho. Os rapazes Marcio Costa Rodrigues Martins e Patrick contribuiram com o Ciepre de forma magnífica. Obrigada rapazes, foram demais e com certeza todas as pessoas que participaram sairam bem mais informadas.











O PAPEL DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL/TRABALHADOR SURDO
Mestre e professor Camilo Darsie de Souza

Falar sobre os surdos, nos dias de hoje, significa transitar em um campo atravessado por diferentes discursos, muitas vezes antagônicos, que foram e, ainda são, legitimados em diferentes épocas e contextos sociais. No entanto, é do cruzamento desses discursos que, acredito eu, se constitui o sujeito surdo contemporâneo.
Penso que seja impossível falar em mercado de trabalho, ou formação profissional para surdos, sem fazer cruzamentos com o campo da educação de surdos, pois é possível dizer que as escolas, principalmente as especializadas em atendimento aos surdos, há muito tempo tomaram para si a responsabilidade de preparar/formar sujeitos surdos trabalhadores. Sobre isso, penso que a forma como ocorre essa preparação/formação vem se transformando de acordo com as novas possibilidades que estão surgindo em relação ao papel dos surdos na sociedade.
Há muito tempo, as escolas de surdos, atravessadas, principalmente, por discursos que marcam o sujeito surdo como “deficiente”, se preocupavam em disciplinar seus alunos de modo a garantir que esses fossem bons “operários”, ou seja, a principal preocupação dessas escolas era reabilitar seus alunos, de modo a formar cidadãos pontuais, educados e produtivos.
No entanto, acredito que contemporaneamente, os discursos que constituem os sujeitos surdos, a partir da diferença, considerando suas capacidades e potencialidades fazem com que as escolas de surdos se preocupem, também, em formar sujeitos que, ao contrário do que se pensava no passado em relação aos surdos, possam garantir, no mercado de trabalho, posições mais elevadas do que aquelas, freqüentemente oferecidas a eles.
A partir disso, me aventuro a dizer que os currículos das escolas de surdos estão em crise, pois como escrevi anteriormente, o surdo, bem como suas famílias, nos dias de hoje, são atravessados por inúmeros discursos, muitas vezes antagônicos, que fazem com que as escolas tenham que se adaptar para receberem, ao mesmo tempo, no mínimo, dois perfis de alunos: aqueles cujo principal objetivo é conseguir preparação e indicação para vagas de emprego oferecidas, muitas vezes, por convênios entre escolas e empresas e, também, alunos que buscam formação intelectual mais aprofundada de modo a garantirem vagas em cursos de graduação.


O nosso facilitador Fernando serviu de intérprete em todos os momentos para podermos entender Márcio e Patrick e para que eles pudessem acompanhar a palestra.









Após cada tema tivemos debates, questionamentos e foi enriquecedor e esclarecedor em muitos pontos para leigos e mesmo aqueles que já tem conhecimento destes temas.

Vários participantes comentaram que poderiam ser feitos momentos iguais a estes mais seguidamente, pois aprenderam muito com o mesmo.



Depois destas duas semanas de seminário teremos muito que refletir e de alguma forma contribuir para que a sociedade encare o deficiente com outros olhos, os respeitando, dando carinho que os aceitem com suas dificuldades e limitações, pois são seres humanos como qualquer um.

O Ciepre agradece os palestrantes e também a todos que contribuíram de alguma forma para que acontecesse este evento e principalmente aos cantores Hugo e Dennys (aniversário neste dia), que estão sempre se doando para a equipe. Obrigada!

MOMENTOS DE DESCONTRAÇÃO