sexta-feira, 3 de agosto de 2007

DOLTO E NASIO


Dolto e Nasio (1991), em uma visão psicanalítica, falam de uma imagem inconsciente do corpo que desapareceria com a imagem especular. Eles também opõem-se a Lacan quando este diz que o espelho marca a passagem de uma imagem fragmentada, para uma imagem especular globalizante. Para eles, o que existe antes é uma imagem inconsciente do corpo. A imagem especular, então, contribuiria para modelar e individualizar a imagem inconsciente.
Dolto lembra a criança cega que não tem oportunidade de se confrontar com sua imagem visual, o que levaria a supor que teria dificuldade em assumir o esquema corporal. Segundo a autora, a criança cega conserva uma imagem inconsciente do corpo mais rica, no entanto, esta permaneceria inconsciente mais tempo do que nas crianças que enxergam.
Dolto e Nassio ainda salientam o cuidado que se deve tomar com a experiência do espelho. Um adulto tem que estar ao lado da criança para lhe explicar que o que vê é somente uma imagem, assim como o adulto ao lado é uma imagem no espelho. O outro, portanto, deve estar junto para que ela verifique uma imagem diferente da sua e que descubra que ela é uma criança. Para sabê-lo é preciso que olhe no espelho e constate a diferença entre a sua imagem e a do adulto. Nasio salienta que a imagem especular tanto pode integrar quanto abolir a imagem inconsciente do corpo.

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