sexta-feira, 3 de agosto de 2007

LE BOULCH


Já Le Boulch (1984) acredita que uma criança diante do espelho observa seu corpo, que lhe parece estranho, estuda-o, explora-o e paulatinamente vai comparar seu corpo cinestésico com as reações posturais e gestuais que ele vê no espelho e que ainda lhe são estranhas – e aos poucos vai perceber que o corpo que sente é o mesmo que observa no espelho.
Tanto Zazzo (in Guillarme, 1983) quanto Guillarme vêem o espelho como fator de conscientização de si, mas Guillarme vai mais além, pois afirma que a experiência do espelho confronta a criança com a questão da identidade e, portanto, possui um papel decisivo da intersubjetividade na construção do esquema corporal. Para ele, o próprio esquema corporal tanto quanto uma realidade é uma imagem, pois, quando pedimos a uma criança para mobilizar a imagem de seu corpo, dirigimo-nos tanto a uma imagem esquecida, mitológica, fantasmática quanto a uma representação intelectual, claramente elaborada.
A experiência do espelho, portanto, constitui uma fase muito importante na confrontação da criança consigo mesma e como parte do processo de identificação. Como já ressaltamos, o corpo é um meio de que a criança dispõe para se expressar, para se comunicar com o mundo que a rodeia e é natural que ele assuma um caráter tão fundamental.
Para muitas pessoas, a experiência do espelho não termina neste período. É sempre um fator de conhecimento de si – não somente na infância, quando possibilita uma maior integração das imagens proprioceptivas, como também na puberdade, como auxiliar na formação da auto-imagem e da visão de si mesmo – da qual a imagem corporal é parte integrante.

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